sexta-feira, 28 de maio de 2010

O cheiro do ralo





O Cheiro do Ralo

Selton Mello vive anti-herói trash em adaptação da obra de Lourenço Mutarelli


por Érico Borgo

A parceria entre o consagrado quadrinhista brasileiro Lourenço Mutarelli e o publicitário e cineasta Heitor Dhalia começou com o elogiado Nina. No filme de 2004, o escritor e desenhista cuidou das viscerais passagens animadas. Agora, no longa O cheiro do ralo (2006), atinge maior expressão, já que adapta para as telonas o primeiro romance de Mutarelli, que - veja só! - aproveita para debutar também como ator.

O roteiro adaptado é do próprio Dhalia e Marçal Aquino (Crime delicado, O invasor), sujeito que dispensa apresentações. A dupla já trabalhou junta em Nina e retoma aqui a ótima colaboração, ao transportar a obra sem perder um grama sequer de sua deliciosa ironia.

Na trama, Lourenço (Selton Mello), um comprador de objetos usados, vive enfurnado em um galpão, protegido dos fracassados do mundo por uma secretária (Martha Meola) e um segurança (o próprio Mutarelli, divertidíssimo e envelopado em um estiloso terno vinho). Os dois cuidam de filtrar os desesperados que podem entrar na sala do chefe e oferecer seus tesouros e tralhas a ele.

Lourenço começa o filme quase normal. É noivo, come estrogonofe com batatinha ao lado da futura esposa, dirige uma Veraneio e leva a vida de forma comum. Porém, conforme sobe o cheiro desagradável que vem do ralo do banheiro de seu caótico escritório, cresce também a sensação de poder dele, de domínio sobre aqueles desgraçados que ele "coisifica", catalogando-os em função de seus objetos. Começam também as obsessões... um olho de vidro, uma bunda continental... na mente de Lourenço, tudo está conectado.

Dhalia leva com competência a obra marginal de Mutarelli às telas, enriquecendo a narrativa com pequenas pistas visuais sobre a questionável personalidade do personagem. Direção de arte, fotografia, figurino, tudo espelha o universo do comprador de velharias, que dá vida ao ambiente disparando engraçadíssimas frases de efeito com a mesma facilidade que respira e se afunda no ar fedido do banheirinho.

Mas nem todo o talento cinematográfico do planeta teria êxito em levar à tela essa história, que depende quase que exclusivamente do personagem principal, se não houvesse um protagonista perfeito liderando o elenco. Selton Mello abraça a cria de Mutarelli e a arranca das páginas do livro com cínica perfeição. A voz rouca do ator e sua atitude blasé dão ao anti-herói trash sua carne e osso, mas é a genial desconfiança de Mutarelli sobre a sociedade a responsável pela sua alma deliciosamente perturbada.


Fonte: http://omelete.com.br/cinema/o-cheiro-do-ralo/

Trailer:

domingo, 23 de maio de 2010

Semana de Ciências Humanas




SEMANA DE CIÊNCIAS HUMANAS
MOSTRA DE CINEMA BRASILEIRO

Filme: A MARVADA CARNE

por Yuna Ribeiro




"... o homem, meio caipira, meio desprevenido, cercado de fileiras e prateleiras coloridas, mais que comida, mais que objeto de desejo, aproveita a chance, rouba um pedaço de filé e corre, a carne do pé contra o concreto e a "marvada carne" contra o peito."

Lá dos cafundós do interior sai Nhô Quim, típico caipira, numa trajetória através de seu tempo, suas crenças, culturas e lendas para se deparar com o concreto, um choque cultural que o absorve de tal forma, encaixando (agora ele é consumidor) e marginalizando, passa a ser o suburbano da favela. A carne na grelha do churrasco e a paisagem limitada pelas lajes.

Da cultura popular que o telespectador resiste em abandonar, pois encanta e diverte com o resgate do folclore e das raízes tão peculiares e ao mesmo tempo líricos. A escassez da carne, a pele envelhecida pelo sol, os horizontes, o mato, o pé no chão sujo de terra, som de cigarras e coaxar de sapos, o jeito de falar "conversa foi coisa que nunca fartou a esse fio de meu pai", tiro de espingarda em curupira, moça Carula donzela da roça, que discute com Santo Antônio, que nada pelada no rio que nunca mais vai dar peixe e que bebe do mesmo copo pra descobrir todos os segredos do pretendente, destaque para a forma de religião simples, bruta, pouco rebuscada, sempre permeada de superstições, lendas e anedotas. 
O fogão à lenha, arroz, feijão e abóbora em prato de barro e marmita na trouxinha de pano, toda a comunidade ajudando a preencher de barro a estrutura de madeira das casas, o plantio semente por semente, enxada, festa em volta da fogueira de São João, São Roque e o casório fugido no cartório da cidade pequena (casamento esse, que o pai Nhô Totó não podia aprovar, mas que depois de realizado foi de muito bom grado).

Os dois caipiras casados, dois filhos e nada da carne de boi, foi quando Nhô Quim resolve confrontar o diabo na busca definitiva pra mudar de vida. Negocia uma galinha preta com uma mocinha perdida num matagal e resiste por pouco a tentação, quase perdendo a galinha e o dinheiro pra um diabo que se revela muito bem paramentado, com cinta-liga preta, salto alto, rabo peludo, maquiagem carregada e voz distorcida.

Com o dinheiro, Nhô Quim pega um trem rumo à cidade grande para cumprir seu destino, e a cultura popular se depara com a cultura de massa na primeira vitrine, no encontro com o boi, muitos bois, brilhantes e ofuscantes nas telas das televisões empilhadas diante dos olhos deslumbrados. Barulho de carros, anda perdido pelas ruas, passa por um açougue, um caminhão de carnes, a abundancia que alimenta os sonhos e distancia a realidade. Para em frente de uma loja de sapatos, numa fotografia da poesia-conflito, do sonho, do desejo e da desigualdade, sentado na calçada com os pés descalços, tão perto daquilo que não pode ter.

No saqueamento de um supermercado, fica datada a mudança, e o homem, meio caipira, meio desprevenido, cercado de fileiras e prateleiras coloridas, mais que comida, mais que objeto de desejo, aproveita a chance, rouba um pedaço de filé e corre, a carne do pé contra o concreto e a "marvada carne" contra o peito.

Fonte: http://stoa.usp.br/yuna/weblog/24598.html

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ORFEU NEGRO

continue my afternoon commute practice of watching Brazilian films to learn Portuguese. This classic film is really impressive. (I haven’t seen the remake.) I would recommend it broadly. It sets the tale of Orpheus and Eurydice against the backdrop of a slum in Rio de Janeiro during carnaval. The music, the dancing, and the costumes are beautiful; the story is tragic. (It’s PG, but definitely has adult themes; I wouldn’t watch it with my little kids.)

Este filme adapta o conto clássico de Orfeu e Euridice a um contexto moderno: o carnaval em uma favela do Rio de Janeiro. Euridice chega do campo para visitar a sua prima no Rio na véspera do carnaval. Conhece a Orfeu – já casado aquele mesmo dia mas parece que isso não pode interromper o amor verdadeiro – e os dois acham uma felicidade breve antes de uma sucessão de eventos trágicos. O retrato do carnaval é maravilhoso: a música, a dança, os trajes, todos fazem um filme tremendamente belo além de emocionalmente trágico.

No filme, as duas mortes resultam tanto de ações bem intencionados mas mal informados (nos casos de Orfeu e de um gerente de estação bondoso) e da raiva cega (no caso da esposa de Orfeu). Nunca se explica a razão pelo qual uma das personagems morre, mas acho que demostra a forma aleatoria que toma a morte na vida às vezes.

Nota sobre o conteudo: O filme não tem sexo, nem a gente nua, nem a violência gráfica. Mas sim faz referência a existencia do sexo e algums temas escuros. Não o olharia com minhas crianças peqeninas.

Mas para todos os outros, eu sim o recomendo. É lindo, é trágico, e abre uma janela de gozo e morte nas favelas de Brasil. “A felicidade do pobre parece a grande ilusão do carnaval. A gente trabalha o ano enteiro…”*

* A penúltima canção do filme.

FONTE: http://tukopamoja.wordpress.com/2009/03/31/resenha-do-filme-orfeu-negro/

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CRONICAMENTE INVIÁVEL

O registro das relações sociais segundo Sérgio Bianchi

por Myrna Silveira Brandão

Cronicamente Inviável não é um filme denúncia. Também não é um filme daqueles que assistimos confortavelmente na poltrona, como se nada tivéssemos a ver com o que está sendo mostrado na tela.

O ótimo filme de Sérgio Bianchi é, antes de tudo, um filme para reflexão. Em seu quarto longa metragem, o cineasta paranaense faz um libelo contra a hipocrisia e não deixa pedra sobre pedra.. No painel sobre o caos em que se transformou a sociedade brasileira, não há bandidos nem heróis, todos têm a sua parcela de culpa: intelectuais, políticos, opressores, oprimidos; até os movimentos sociais dos negros, indígenas e dos Sem Terra não foram poupados.

Bianchi faz uma exposição nua e crua da realidade. Sabemos que a cena que estamos vendo 'mendigos se alimentando na lixeira do restaurante' , estará à nossa frente ao vivo na saída do cinema ou, no máximo, no dia seguinte.

E assim como esse, outros temas do dia a dia são lembrados: discriminação racial e social, devastação de florestas, impunidade,tráfico de órgãos, comércio de bebês, corrupção, trambiques e por aí vai.

"Sei que meu cinema não é popular; fiz um filme que tem diferentes formas de ver", disse Bianchi na pré estréia de Cronicamente Inviável, que levou 4 anos para ser realizado. O diretor teve que interromper o filme quatro vezes por falta de dinheiro.

Escrita por Bianchi e por Gustavo Steinberg, a história é costurada através de seis personagens: o escritor Alfredo (Umberto Magnani); o casal bem nascido Carlos (Daniel Dantas) e Maria Alice (Betty Gofman) que, para aliviar o sentimento de culpa, dá esmola e brinquedos para os pobres ; os dois frequentam o restaurante de Luís (Cécil Thiré) que explora sexualmente seus funcionários; Amanda (Dira Paes), de passado incerto e o cínico garçon Adam (Dan Filip Stulbach) completam o grupo.

O filme de Bianchi é um soco na boca do estômago, mas não é uma surpresa. Uma das características do diretor é a coerência; assim, seu último filme não foge ao estilo dos anteriores Maldita Coincidência, Romance, A Causa Secreta e o excelente Mato Eles?

Até a forma de utilização da trilha sonora - já mostrada em obras anteriores - é repetida por Bianchi, principalmente nas seqüências com tomadas aéreas da cidade ao som de músicas de bossa nova, evidenciando o paradoxo entre o Rio, cidade maravilhosa e o Rio, cidade violência.

Talvez uma das melhores frases sobre o filme tenha sido dita por Dan Filip Stulbach (que interpreta o garçon) na noite de estréia: "acho que Cronicamente Inviável é um filme necessário".

E com a câmera na(s) ferida(s), diríamos nós.

Fonte: http://www.mnemocine.com.br/cinema/crit/cronicamente.htm

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domingo, 2 de maio de 2010

Kim Ki-Duk




PRIMAVERA, VERÃO, OUTONO, INVERNO… E PRIMAVERA



Titulo original: (Bom Yeorum Gaeul Gyeoul Geurigo Bom)
Lançamento: 2003 (Coréia do Sul)
Gênero: Drama
Duração: 103min
Direção: Ki-duk Kim

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"Ninguém é indiferente ao poder das quatro estações e de seu ciclo anual de nascimento, crescimento e declínio. Nem mesmo os dois monges que compartilham a solidão, em um lago rodeado por montanhas. Assim como as estações, cada aspecto de suas vidas é introduzido com uma intensidade que conduz ambos a uma grande espiritualidade e à tragédia. Eles também estão impossibilitados de escapar da roda da vida, dos desejos, sofrimentos e paixões que cercam cada um de nós. 
Sobre os olhos atentos do velho monge vemos a experiência da perda da inocência do jovem monge, o despertar para o amor quando uma mulher entra em sua vida, o poder letal do ciúme e da obsessão, o preço do perdão, o esclarecimento das experiências. Assim como as estações vão continuar mudando até o final dos tempos, na indecisão entre o agora e o eterno, a solidão será sempre uma casa para o espírito. A narrativa é cíclica, como o próprio título indica e se quisermos extrair uma "mensagem" poderíamos optar pela ilustração da essência da natureza do ser humano; a sua maldade intrínseca, que resiste à iluminação do saber e da racionalidade. É fácil reduzir o filme a um aforismo ou a uma lição de filosofia, mas o cinema de Kim Kideok — que interpreta ele mesmo a última encarnação do protagonista — nunca se revelou complexo em termos narrativos; é sobretudo uma obra visceral, com uma forte componente visual e estética, delineando uma simbologia clara e bem definida sobre a evolução do Homem enquanto ser moral e a procura da integração harmoniosa com o meio natural."

Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/primavera-verao/


A CASA VAZIA



Titulo original: (Bin-jip)
Lançamento: 2004 (Coréia do Sul)
Direção: Kim Ki-Duk
Duração: 95 min
Gênero: Drama

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"Um jovem vagabundo invade a casa de estranhos e mora nelas enquanto os donos estão fora.Para pagar a estadia ele realiza pequenos consertos ou faz limpeza na casa. Ele costuma ficar um ou dois dias em cada lugar, trocando de casa constantemente. Até que um dia encontra uma bela mulher em uma mansão, que assim como ele também está tentando escapar da vida que leva. Apenas a gestualidade e a completa mudez. Uma criatura nômade na Coréia do Sul ocidentalizada percorre a cidade a distribuir folhetos de propaganda de casa em casa. Isto não parece muito significativo. O central no roteiro é que invadia algumas casas escolhidas a dedo e que estavam momentaneamente vazias. E aí ficava instalado uns poucos dias, pagando a permanência com o conserto de toda sorte de objetos. 

O espectador pergunta-se quem é esse judeu errante, esse cigano, que parece não ter um lar, mas habita em casas vazias com tal cuidado e delicadeza. Lá um dia, encontra o seu par, não menos silencioso na esposa de um homem que a batia. Ele era uma criatura antipática e violenta, bem ao contrário do seu rival, amoroso e justo, talvez uma dualidade que coteja o oriental subjugado pelo Ocidente. O oriental dividido pelo Ocidente. E, como se a sua busca estivesse para se encerrar, o coreano conquista e é conquistado pela coreana. O marido dela, em sua irascibilidade, parecia um conflito sufocado e insolúvel, os tacos de golf o simulacro da espada do samurai E o seu ciúme encontrava no outro o que parecia negar em si mesmo. 

Ao prosseguir o filme até a simples corporalidade se apaga e nos adentramos no simbólico, no especular, no estruturalmente telepático pela linguagem do movimento e do desejo, a encaminhar os passos dos amantes distantes pelas casas vazias. É um "pathos" que seduz ou ameaça, revolta ou fascina. Induz à redução psicológica na triangulação edipiana, presente também. Interrogamo-nos sobre as razões sociais da divisão macrocósmica, mais histérica do que esquizofrênica, uma indução vertical além da revelação de Kim Ki-Duk. Não é algo óbvio, nem parcial."

Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/casa-vazia/


O ARCO



Direção: Kim Ki-duk
Ano: 2005
País: Japão, Coréia do Sul
Gênero: Drama, Romance
Duração: 88 min.
Título Original: Hwal

Trailer:



"O Arco" é seu segundo filme consecutivo em que a heroína permanece em silêncio. Boa parte da história é comunicada pelos olhares, os gestos e a linguagem corporal dos três atores principais. A história se passa em um único cenário: o mar aberto e um barco pesqueiro decrépito. 

O acessório principal usado na narrativa é um arco. O arco é em primeiro lugar uma arma temível. Um velho irascível (Jeon Sung-hwan) é dono do barco, que aluga por dia a pescadores diversos. Ele usa o arco para manter à distância os homens lascivos que gostariam de tocar a dócil garota de 16 anos (Han Yeo-reum) que vive no barco com ele há dez anos. 

O velho pretende "casar-se" com a menina quando ela completar 17 anos. Mas o arco também é usado por ele num processo divinatório xamânico. Para prever o futuro de seus clientes, o velho amarra um pano no pulso da garota e a coloca num balanço em movimento. Ele usa o arco para disparar flechas que passam ao lado da menina, faltando pouco para acertá-la, e atingem uma gasta pintura de Buda no ponto determinado pelo destino do cliente. E o arco acaba também por transformar-se em instrumento musical. 

O uso dos belíssimos instrumentais de violino de Gang Eun-il para essas sequências infunde ao filme um clima espiritual doce e melódico. Os problemas do velho começam quando a garota se sente atraída pelo jovem filho (Seo Ji-seok) de um cliente. Enquanto outros homens a trataram com rudeza, o jovem é gentil e doce. Quando ele parte, dá a ela de presente seu aparelho de CD. Irado, o velho o joga fora. De repente a garota começa a enxergar seu companheiro sob nova ótica: em lugar de ser seu protetor, ela o vê como carcereiro. 

Ao tomar consciência do egoísmo dele, ela se distancia e se fecha. Ele, por sua vez, começa a arrancar páginas de seu calendário para adiantar a data do "casamento" deles. Essa mudança na relação entre o velho e a menina, e o retorno do rapaz para levar a menina de volta ao mundo, encaminham o filme para os momentos de ação que formam o clímax.

A história é alegórica, e o elenco tem que representar as emoções humanas mais básicas em quase silêncio. Os atores que representam a jovem e o velho dão conta do recado muito bem. Jeon deixa claro que, apesar de seu egoísmo, o amor do velho pela garota é verdadeiro e forte, uma paixão contida à espera do momento correto para se manifestar. Han transmite a inocência e curiosidade de uma criança criada quase selvagem, com poucas orientações para guiá-la nos relacionamentos humanos. O jovem é mais um artifício do que um personagem real, e por isso mesmo em vários momentos age de maneira ambígua e irracional.

O clímax se estende por mais tempo do que deveria, mas contém uma maneira espantosamente boa de transmitir a perda de inocência da garota. E o clímax final, pois há outros que são falsos, exerce impacto emocional forte. A produção é tão enxuta e minimalista quanto o drama. Fica claro que Kim trabalhou com orçamento restrito. "O Arco" é uma história alegórica que contém insights filosóficos penetrantes.

Fonte: http://cinema.uol.com.br/ultnot/2006/08/10/ult26u22129.jhtm


FÔLEGO



Titulo original: (Soom)
Lançamento: 2007 (Coréia do Sul)
Direção: Kim Ki-Duk
Duração: 84 min
Gênero: Drama

Trailer:




"Yeon (Park Ji-a) vive uma vida confortável, mas vazia. Seu marido (Ha Jung-Woo) a trata com indiferença. Quando ele confessa sua infidelidade, Yeon decide ir até a prisão para encontrar Jin (Chen Chang), um assassino que está esperando a execução. Mesmo sem conhecer o prisioneiro, Yeon trata-o como um velho amigo. De início ele não se abre, mas logo as coisas mudam. Os dois então começam um estranho e apaixonante relacionamento. Mas não resta muito tempo para Jin encontrar seu destino final, e Yeon não se conforma em despedir-se dele dessa forma. 

Sem Fôlego é de um lirismo e criatividade que encantam, mesmo nas passagens em que a história poderia soar incoerente. O encontro da jovem desiludida com o assassino (também ele uma pessoa que abandonou todas as esperanças) e a força do sentimento desesperado que nasce entre esses dois condenados é de uma beleza comovente. O modo como Yeon se empenha em tornar os últimos dias de Jin um resumo de tudo que ela poderia lhe oferecer se a vida os tivesse reunido em condições mais favoráveis é algo que traz a salvação dela também, pois encontrou alguém que aprecia e precisa da sua imaginação que até então estava estagnada. Yeon transforma a penitenciária e os poucos minutos de visitação num universo mágico, a ponto de recriar as estações do ano e suas sensações. 

É um filme cheio de simbolismo e delicadeza, marcado por uma comunicação mais sensorial do que verbal entre os dois personagens centrais. Também o título é bastante apropriado, já que a respiração está sempre em destaque: ofegante, prazerosa, assustada, enfim, como um termômetro do estado espírito de cada um. E o fôlego - ou a falta dele - é assunto para uma das mais belas cenas que ocorrem entre os personagens."

Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/sem-folego-2007/